A ideia de que a nossa concepção de outras mentes é uma estratégia ou postura para predizer e explicar as acções e ditos que testemunhamos pode ser pensada como uma espécie de solução céptica para o problema das outras mentes. Toma como dado adquirido, desde o início, que tudo o que nos é disponibilizado é o mero comportamento do outro; toma como dado adquirido que a mente é algo escondido e privado. Também toma como dado adquirido que as mentes dos outros são reais, para nós, apenas como uma espécie de dispositivo teórico que nos ajuda a gerir o nosso relacionamento com eles. Tal como assumimos a existência de um planeta não percepcionado para justificar perturbações na órbita de um planeta que conseguimos percepcionar, assim explicamos porque é que o seu corpo viaja ao longo do percurso espaço-tempo, conforme viaja, recorrendo a um domínio de causas não percepcionadas meramente hipotéticas.
Por outras palavras, nós abrimos a gaveta porque queremos chocolate e temos a falsa crença que é aí que o chocolate se encontra.
(proposta de tradução da zona assinalada na página 30)
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