quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Os genes e as emoções




Diz António Damásio:


[...] The desire of the genes to remain and to be passed on. What would the genes do to create an organism that would be the most effective to pass on themselves? And the answer is that EMOTIONS become very very high with all of these things like reward and punishment mechanisms and drives and motivations because emotions are that sort of automatic intelligence that would guide an organism to do the most conveniente thing for that organism to survive during the time that its genoma (?) would allow it to survive.

So very early on, emotion must have been one of the very first things to develop. So we are really dealing with something that is now part and parcel (?) of our lives but has been here for a long long time.


[...] And then we have to deal with this very old system [...] and then we have to layer on top of it this new thing that we have evolved: cultures and civilizations that will allow us to be more pointed (?) and create the best possible behaviour.


[...] I think that what evolution gave us, very rapidly, was different kinds of processes, that were all of the "emotion" flavour and they made life more possible for a longer period...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Como o corpo paga pela sua relutância em aceitar a incerteza

   Entre nós, humanos, há ainda a acrescentar a consciência, ou a confiança, de que também podemos influenciar uma situação perigosa e suavizar o stress da insegurança. Isso explica a razão pela qual alguns amantes da velocidade, que adoram conduzir uma potente mota na auto-estrada a 200 km/h, temem o risco, bem menor, de morrerem num desastre de avião: a moto são eles próprios que conduzem, enquanto no assento do piloto se encontra um estranho.
   Mas o modo como sentimos as surpresas também tem muito a ver com as circunstâncias: durante as férias, por exemplo, estamos muito mais predispostos a aceitar algo de inesperado do que durante o dia-a-dia. Mesmo uma mudança de pneu, que em casa nos faria "ir aos arames", pode transformar-se numa experiência excitante, que anos depois ainda gostamos de recordar.
   E, finalmente, cada indivíduo suporta os riscos de maneira diferente. Muitos nem sequer se atreveriam a subir para o assento de uma moto. Provavelmente, as razões pelas quais tendemos a evitar as incertezas ou, pelo contrário, apreciamos um certo confronto com o perigo são, sobretudo genéticas. Em todo o caso, estudos realizados por psicólogos do desenvolvimento revelam que as crianças que evitam, de forma manifesta, o desconhecido, ou que, pelo contrário, o procuram, se comportam também depois, na idade adulta, da mesma maneira: o temor perante o risco e a curiosidade parecem ser das características mais estáveis da personalidade humana.
   Não obstante, em caso de dúvida, a reacção perante um perigo imaginado é sempre de mal-estar, não só porque a nossa percepção dos ganhos e dos riscos é, muitas vezes, deformada, como já vimos, mas também porque as emoções negativas tendem sempre a sobrepor-se às positivas. O receio perante tudo o que é incerto, com o qual a Evolução nos equipou, explica os duvidosos compromissos que as pessoas, dia após dia, não se cansam de assumir. Assim, muitos continuam a viver com parceiros que não amam, só pelo medo de não virem a encontrar um novo, ou uma nova companheira. Outros mantêm-se décadas num emprego que não os satisfaz, sem sequer ter experimentado, pelo menos uma vez, responder a um anúncio para um outro trabalho.
   E isso nem sequer são as maiores perdas que o medo programado nos pode infligir. Se esse medo toma conta de nós, passamos a viver num stress constante. E se um organismo estiver demasiado tempo, ou com demasiada frequência, sob o efeito das hormonas do stress, estas acabam por enfraquecer o sistema imunitário, prejudicar o cérebro e fomentar o surgimento de doenças do foro cardiovascular, as mais frequentes causas de morte nos países industrializados.
   Coube à psicóloga Sonia Cavigelli, da Universidade de Chicago, o mérito de nos mostrar que, de facto, o medo nos pode conduzir à morte, e que isso até nem acontece assim tão raramente. [...] podemos presumir que também nós não faríamos mal em desenvolver uma certa disponibilidade para o risco. Mesmo que uma pessoa por natureza assustadiça nunca se possa tornar temerária [...] nós sempre podemos abdicar, com o tempo, de uma boa parte do medo desnecessário. Cuidados excessivos prejudicam a saúde.
do livro, Como o Acaso comanda as nossas Vidas, de Stefan Klein